quarta-feira, 3 de maio de 2017

O TRABALHO RELIGIOSO NA P.E.

 Na estrutura da Penitenciária do Estado, (P.E.) durante as primeiras décadas do Século XX, o trabalho tinha o intuito de “regenerar” o apenado. Ou seja, além de aprender a ler e a escrever, o preso tinha aulas de cursos técnicos, de desenho e pintura.
 O envolvimento do preso com a arte, por exemplo, era considerado um importante instrumento para alcançar a ressocialização.  Com ela, pretendia-se que, as questões e situações inerentes à arte como o respeito mútuo, a justiça, o diálogo, e a solidariedade humana fossem levados ao dia a dia do preso.

 Outra ferramenta importante para atingir esse fim foi o desenvolvimento de práticas religiosas no cárcere. 
 Em visita à Penitenciária do Estado, Alfredo Balthazar da Silveira, produziu um texto publicado nos jornais da época, enaltecendo o trabalho do padre Jose de Alencar, Capelão da P.E.

         Segundo o escritor: “um admirável presídio, no qual se cuida de reerguer o moral do sentenciado. Experimentei profundo contentamento ao saber que a cifra dos reincidentes é insignificante, sendo também restrito o número dos que sofrem castigos disciplinares. O preso, recolhido ao reformatório, aonde não chegam os ecos ruidosos do mundanismo, e escutando, de continuo, conselhos salutares e fazendo leituras edificantes, poderá compreender quão nocivo eram os divertimentos, a que o arrastavam os amigos fingidos. Certamente seus primeiros movimentos serão de revolta contra os que não ampararam convenientemente; mas, recuperada a calma, verá que a regeneração aproveita a alma, em qualquer ocasião, e todos seus esforços consistirão em obedecer aos ensinamentos disseminados pelo confessor, que almeja a sua salvação. Reingressando a vida social, saberá defender-se das ciladas porque a experiência da vida airada será uma espécie de escudo com que repelirá os apelos dos que sabem embair aos ingênuos a demais, a educação religiosa, adquirido em condições, que não deverão ser esquecidas, não o deixará escravizar-se aos prazeres ignóbeis.”.
         Já o próprio Capelão escrevia para os jornais na época que: “a religião pode levar o homem transviado, mais rapidamente, ao caminho da regeneração, do que muitos processos penitenciários que, felizmente não se praticam entre nós”.
Cita ainda o padre Arlindo Vieira, que em seu artigo escreve: “há, também, no fundo de uma penitenciária, nobreza de sentimentos, belezas morais que dificilmente se encontram nas altas rodas de uma sociedade paganizada”.
      E termina o texto refletindo que: “se encontramos essas almas nobres e belas no recesso de uma penitenciaria, precisamos cultiva-las, para que sirvam de exemplo aqueles que se obstinam na prática do mal, porque o exemplo é sempre o fator mais convincente, para arregimentar adeptos ”.